“Muitas pessoas faliram por ter investido maciçamente na prosa da vida.

É uma honra arruinar-se por causa da poesia.”

Oscar Wilde

sexta-feira, março 30, 2012

Sem título

Meu coração chora,
como hoje chora a Paulicéia,
envolta em denso
manto
carregado por
desastres
ou por
salvação…

Meu coração chora,
não
pela distância,
mas por não mais
senti-la;
chora anestesiado
pelo gélido
descaso
de sua inoperância.

A solidão de suas lágrimas
vertem, por sangrias
desconjuntas,
de beija-flor que
sacia a sede
em cactos
desajustados,
no vazio
de mim,
irrigando
densos estreitos,
com dor.

Seus prantos
não são de culpa,
mas de medo…
medo de
testemunhar
o início
do fim…
Medo de perceber
que a beleza
e a jovialidade
de outrora
retomaram seu posto
no autorretrato,
e foram
subtraídas,
pelo tempo,
das células,
que os sorrisos
fraternos
já não mais são dados,
que os amores,
puros,
são concebidos
em lençóis
sem nomes…

Fendas abertas,
consumidas
para serem
limpas
antes de
cicatrizadas…
nos reconstruímos
em nós mesmos,
em nossas fraquezas,
em nossas dores…
dores
causadas
pela infidelidade
a que nos permitimos,
ao violentarmos nossos
pontos de vista,
em detrimento de
alguém.

Hoje vejo
que não sou um mero
bibelô
para ser exposto
em sua sala
de estar…

Seu descaso
fortificou-me,
desenvolveu
escudos que me tornam
impenetrável,
salvaguardam
os sentimentos…

Hoje
“resisto a tudo,
menos às
tentações”.

Eduardo Candido Gomes

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